Guess Who? – Ana Rita Montes

Aug 31st, 2018

(Versão Portuguesa no final da página)

“My favorite thing is to be able to use the bicycle and the public transports to go everywhere (and always be on time). However, I really miss the Portuguese soul and our warm hearts”. Ana Rita Montes is currently doing her PhD in the Technical University of Delft. She is IDL’s “Guess Who” interviewee of this month.

IDL – Rita, can you tell us what does your research consist on and why is it relevant for all of us?

Ana Rita Montes (ARM) – My PhD project is focused on the study of the semiconductor material barium disilicide (BaSi2), a new and promising material for the production of thin films solar cells. Its main advantage is its non toxicity.
Since this is a new research field, optimization of deposition of layers and devices still has to be done. My work is to do the electrical and optical characterization of the sputtered BaSi2 films produced in TUDelft (read more details at the end of the interview*).

IDL – Before starting your PhD, you worked for 2 years in the industry. According to you, what are the main differences in the way of doing research in academia and industry?

ARM – There are 2 main differences: money and deadlines. In industry deadlines are shorter, objectives are more concrete and research has to be profitable. Usually, some preliminary research is done to determine if a technology is promising and afterwards the management team decides whether the research goes through or not. Science for the sake of science only exists in big companies with a lot of money. The pressure to obtain quick results and to be the first in the market can make working life in industry more stressful than in academia.

IDL – Why did you decide to do part of you PhD at the University of Delft?

ARM – With my MIT Portugal scholarship, I had the opportunity to do part of my research abroad, which would be a new experience for me. Also, my boyfriend moved to the Netherlands, a country with good research groups in my field of work. Prof. João Serra (my supervisor) put me in contact with Prof. Miro Zeman, the head of the Photovoltaic Materials and Devices (PVMD) group in the University of Delft and, together with Prof. Olindo (now my co-supervisor) and taking into account my Physics background, we found a project for me to work on that suited both of us.

IDL – So far, are you enjoying living in the Netherlands? What do you like the most? What do you like the least?

ARM – Yes, I am really enjoying the Netherlands. Since I try to live in the most sustainable way possible, my favorite thing here is to be able to use the bicycle and the public transports to go everywhere (and always be on time). However, I really miss the “Portuguese soul” and our “warm hearts”. People here socialize in a very different way.

IDL – How is your daily routine as a scientist different in the Netherlands, when compared to Portugal?

ARM – In general, everything starts much earlier than in Portugal, there are a lot of meetings (sometimes too many) and everything is scheduled: usage of equipment, workshops, etc. There are good facilities, which help your research, but I still believe that your results depend more on your work and dedication.

IDL – Do you have any advice to give to students who are just starting their PhD?

ARM – I would recommend not to start the PhD with great expectations for good results and success. Drive yourself by curiosity more than anything else.

IDL – What are the next steps in your work and when are you coming back to Portugal?

ARM – My next step is to work on a collaboration with two research groups in Japan. I will compare the samples they produce (with more controllable techniques) with ours, in order to better interpret our results. I should return to Portugal by the end of 2019.

IDL – If you weren’t a scientist, you would be…

ARM – A vet. I love animals!

*At the moment, I am using a technique called DBPAS (Doppled Broadening Positron Annihilation Spectroscopy) to study the depth profile of defects in the crystalline lattice. The goal is to understand how these defects appear and how they influence the light absorption efficiency of the material.


“ Eu tento viver da forma mais sustentável possível, por isso do que mais gosto é da bicicleta e dos transportes públicos, que me levam a todo o lado (e a horas). No entanto, sinto muitas saudades da alma Portuguesa e do nosso coração quente”. Ana Rita Montes, doutoranda do IDL, está a desenvolver seu trabalho de investigação na Universidade Técnica de Delft na Holanda. Ela é a convidada do mês de Agosto da rubrica “Quem é Quem?”.

IDL – Rita, em que consiste o teu trabalho de investigação e porque é que este é importante para todos nós?

Ana Rita Montes (ARM) – O meu projecto de doutoramento foca-se no estudo de um material promissor para a produção de células solares de filme fino, que só muito recentemente começou a ser investigado para esta aplicação: o disilicato de bário (BaSi2). A maior vantagem deste material em relação a outros é a  sua não toxicidade. Há, no entanto, ainda muito a fazer na otimização da deposição das camadas do material e, posteriormente, de dispositivos. No meu doutoramento, faço a caracterização elétrica e óptica dos filmes depositados de BaSi2 produzidos na Universidade de Delft* (mais informação no final da entrevista*)

IDL – Antes de começares o doutoramento, trabalhaste durate dois anos numa empresa. Na tua perspetiva, quais são as principais diferenças entre a investigação que se faz na academia e nas empresas?

ARM – Há 2 diferenças fundamentais: dinheiro e prazos. Nas empresas, os prazos são mais curtos, os objetivos mais concretos e a investigação tem de ser rentável. Geralmente, é feita uma investigação preliminar para determinar o potencial da tecnologia, tomando depois a, direção, a decisão se a investigação avança ou não. Ciência pura só é feita em grandes companhias com muito dinheiro. A grande pressão para obter resultados rapidamente, de modo a chegar primeiro ao mercado, torna por vezes o trabalho em empresas mais stressante do que na academia.

IDL – Porque é que decidiste fazer parte do teu doutoramento na Universidade de Delft?

ARM – A minha bolsa de doutoramento MIT Portugal permitia-me fazer parte da minha investigação no estrangeiro. Nunca tinha trabalhado antes no estrangeiro e, além disso, o meu namorado mudou-se para a Holanda, um país com investigação de alta qualidade na minha área. O meu orientador Prof. João Serra pôs-me em contacto com o Prof. Miro Zeman, o líder do grupo Photovoltaic Materials and Devices (PVMD) na Universidade de Delft. Juntamente com o Prof. Olindo (agora meu co-orientador) e, tendo em conta o meu backgroud em Física, encontrámos um projeto para eu trabalhar,

IDL – Estás a gostar de viver na Holanda? De que é que gostas mais? E menos?

ARM – Sim, estou a gostar muito de viver na Holanda. Eu tento viver da forma mais sustentável possível, por isso do que mais gosto é da bicicleta e dos transportes públicos, que me levam a todo o lado (e a horas). No entanto, sinto muitas saudades da “alma Portuguesa” e do nosso “coração quente”. Na Holanda, as pessoas socializam de forma muito diferente.

IDL – Como é que a tua rotina diária de cientista na Holanda difere daquela que vives em Portugal?

ARM – Tudo tende a começar mais cedo na Holanda. Além disso, os Holandeses têm muitas reuniões (por vezes, demasiadas) e tudo é agendado: utilização de equipamentos, workshops, etc. Têm boas instalações de trabalho, o que ajuda na investigação, mas penso que os bons resultados dependem mais da dedicação e trabalho dos investigadores.

IDL – Tens algum conselho a deixar a estudantes que estão agora a começar o seu doutoramento?

ARM – Diria que não devem começar um doutoramento com expectativas demasiado altas em relação a resultados e sucesso. Acima de tudo, deixem-se guiar pela vossa curiosidade.

IDL – Quais são os próximos passos no teu trabalho e já sabes se e quando regressas a Portugal?

ARM – O próximo passo será o trabalho numa cooperação com dois grupos de investigação do Japão. Irei comparar as nossas amostras com as que eles produzem com técnicas mais controláveis, de modo a poder interpretar melhor os resultados que obtivemos até à data Deverei regressar a Portugal no final de 2019.

IDL – Se não fosses uma cientista, serias…

ARM – Veterinária. Adoro animais!

* Neste momento, estou a estudar os perfis de defeitos da estrutura crtistalina ao longo da espessura, com uma técnica chamada DBPAS (Doppled Broadening Positron Annihilation Spectroscopy). O objetivo é perceber como é que estes defeitos aparecem e como influenciam a eficiência do material na absorção de luz.